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27 de novembro de 2014

Companhia Municipal de Dança estreia domingo no Araújo Vianna





O primeiro espetáculo da Companhia Municipal de Dança de Porto Alegre "Salão Grená", será apresentado no domingo, 30, às 20h no auditório Araújo Vianna. A companhia é resultado de uma parceria entre as secretarias de Educação e Cultura.  Os ingressos para o espetáculo começam a ser distribuidos gratuitamente nesta quinta-feira, dia 20, no Centro Municipal de Dança (Av. Erico Veríssimo, 307), das 09h às 12h e das 14h às 18h. Mais informações sobre a retirada de ingressos pelo telefone: (51) 3289-8063.

História -  Desde 1940 a classe artística de Porto Alegre projeta caminhos para que a capital gaúcha tenha a sua Companhia Municipal de Dança. O projeto começou a se tornar realidade em 1995, quando a primeira Conferência Municipal de Cultura colocou a criação da Companhia entre as suas pautas. A partir daí, estas assembleias, que traziam as principais reivindicações a partir de demandas da classe artística, já apontavam para a necessidade de profissionalização da dança na capital. O piloto começou no  primeiro semestre deste ano, quando a Companhia abriu edital de seleção. Em  junho já começou a trabalhar com os 20 bailarinos selecionados. Essa conquista reflete a intensa produção independente da dança na capital gaúcha e sua qualidade. Hoje, segundo levantamento realizado em 2012 pelo Centro Municipal de Dança, são mais de 12 mil alunos gaúchos matriculados em escolas de dança que procuram se especializar no segmento. Somente em Porto Alegre, são 82 grupos e 53 escolas que formam ou desenvolvem bailarinos. “Existe uma grande demanda de formação e atuação de dançarinos em Porto Alegre. Somos um centro de excelência de artistas da dança. Por isto é tão importante esse reconhecimento da área na esfera pública”, comenta Roque Jacoby, Secretário da Cultura de Porto Alegre.

Para o coordenador de Dança da secretaria e diretor-geral da companhia, Airton Tomazzoni, o corpo de bailarinos selecionado para Companhia, que reúne intérpretes com formação em balé, danças urbanas, sapateado americano, jazz e danças de salão, é um dos grandes diferenciais do projeto. Além disso, muitos integrantes possuem trajetória profissional no Brasil e no exterior, atuando ao lado de outros oriundos da de escolas públicas da periferia ou em início de carreira. “Ter esta diversidade nos dá um material muito rico para trabalhar. São trocas e diálogos enriquecedores no dia a dia. O desafio é amplo, mas já podemos perceber que o sabor é especial, principalmente porque conseguimos nos diferenciar entre as companhias municipais e estaduais do Brasil, que normalmente são mais focadas em apenas um estilo de dança”, avalia Tomazzoni.

O projeto piloto inclui ainda a criação da Escola Preparatória de Dança na periferia, que já atende gratuitamente 200 alunos na sede localizada na Escola Municipal Loureiro da Silva, na Vila Cruzeiro. Para além do valor social, a Escola Preparatória é um grande incentivo a potenciais artistas que, já na infância, se identificam com a dança e que podem, a partir de seus aprendizados neste ambiente, fazer a opção pela dança como profissão. Segundo a Secretária  da Educação, Cleci Jurach, existem várias formas de se trabalhar o ensino e aprofundar conhecimentos. A dança é uma delas. "Talvez a mais lúdica e sonhadora. Ao aceitarmos o desafio da Instituição da Cia Municipal de Dança de Porto Alegre, levamos em consideração os maravilhosos projetos de dança desenvolvidos nas escolas da Rede Municipal de Ensino de nossa cidade e a oportunidade, talvez única que estes artistas teriam de aprimorar sua arte. Um ano se passou e muitos outros virão", destaca a secretária.
 
Além do desafio de criar uma metodologia entre os artistas e alinhar o trabalho dos bailarinos com experiências e talentos distintos, a Companhia Municipal de Dança também precisa lidar com seu pioneirismo na esfera pública. “Além de nos constituirmos como grupo, precisamos entender como funciona uma Companhia oficial dentro do município, passando pela compreensão de trâmites, protocolos e exigências institucionais”, revela Tomazzoni. O processo, no entanto, não intimida o grupo com mais de 80 artistas e técnicos, que está prestes a apresentar para a população de Porto Alegre o primeiro resultado de seu trabalho.

A montagem -  “Salão Grená”  tem direção coreográfica de Eva Schul e Fernando Campani. A inspiração vem dos salões de bailes de Porto Alegre, do imaginário dos salões que aparecem na MPB (nas canções de Carlos Galhardo e do homônimo programa de rádio da Tupi na década de 1960) e também à histórica montagem da diretora gaúcha Irene Brietzke, em 1980. “A ideia é trabalhar a cidade como um grande salão de baile. Também procuramos fazer uma metáfora da nossa cidade, que sempre está cercada por relações de dualidade como contemporaneidade x província, popular x erudito, global x bairrista. Nossa missão é traduzir essa identidade cultural para o palco com um grande baile”, conta Tomazzoni.

Para os coreógrafos Eva Schul e Fernando Campani este é um grande momento para a comunidade cultural e para a população de Porto Alegre. “Pela primeira vez, temos um corpo de baile oficial que representa a nossa cidade. Queremos fazer um grande espetáculo e, principalmente, fazer jus a essa espera de tantos anos”, comenta a dupla.

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